Os cientistas esperam que sua descoberta possa ser um avanço na pesquisa de Alzheimer, depois que experimentos com ocitocina mostraram que ela pode ser útil no tratamento e talvez até na reversão de distúrbios degenerativos.

A pesquisa, publicada em 20 de julho, revelou pela primeira vez que a ocitocina química, também conhecida como “hormônio do carinho”, poderia ter benefícios terapêuticos para distúrbios cognitivos, incluindo demência.

A ocitocina é liberada pela glândula pituitária e é conhecida por seu papel no sistema reprodutivo feminino e na indução de sentimentos de amor e felicidade. Também pode aumentar o aprendizado e a memória, descobriram os cientistas.

O estudo sugere que os sinais no cérebro que ficam bloqueados, levando à demência, podem ser desbloqueados.

A doença de Alzheimer é um distúrbio progressivo no qual as células nervosas, ou neurônios, no cérebro e as conexões entre elas degeneram lentamente, causando severa perda de memória e deterioração nas habilidades motoras e na comunicação. Uma das principais causas é o acúmulo de uma proteína chamada beta amiloide (Aβ) em aglomerados ao redor dos neurônios cerebrais, o que dificulta sua atividade e desencadeia sua degeneração.

Essa deterioração afeta uma característica específica dos neurônios, chamada “plasticidade sináptica”, que é a capacidade das sinapses – onde os neurônios trocam sinais – de se adaptarem a um aumento ou diminuição da atividade cerebral.

A plasticidade sináptica é crucial para o desenvolvimento das funções cognitivas e de aprendizado no hipocampo – a área do cérebro onde novas memórias são formadas e habilidades são aprendidas.

O amor é a droga
Quando a ocitocina foi adicionada ao cérebro dos ratos, os cientistas descobriram que as habilidades de sinalização aumentaram, o que os pesquisadores dizem sugere que a ocitocina pode reverter o comprometimento da plasticidade sináptica causada pela proteína beta amiloide.

Os cientistas também “bloquearam” artificialmente os receptores de ocitocina nas amostras cerebrais de ratos para mostrar que o hormônio precisa que esses receptores ainda sejam eficazes para aumentar as sinapses.

Os pesquisadores também descobriram que a oxitocina em si não afeta a plasticidade sináptica do hipocampo, mas é capaz de reverter os efeitos negativos da beta amiloide.

Sabe-se que a ocitocina facilita certas atividades químicas celulares que são importantes no fortalecimento da sinalização neuronal e na formação de memórias.

O professor Akiyoshi Saitoh, que liderou uma equipe de cientistas do Japão na Universidade de Ciência de Tóquio, diz: “Este é o primeiro estudo no mundo que mostrou que a ocitocina pode reverter as deficiências induzidas por Aβ no hipocampo de ratos”.

“Recentemente, descobriu-se que a ocitocina está envolvida na regulação do desempenho da aprendizagem e da memória, mas até agora, nenhum estudo anterior lida com o efeito da ocitocina no comprometimento cognitivo induzido por Aβ”.

Este é apenas um primeiro passo e mais pesquisas precisam ser realizadas em animais vivos e, em seguida, em seres humanos antes que se possa reunir conhecimento suficiente para usar a ocitocina como um medicamento para a doença de Alzheimer, disse a equipe.

Saitoh, porém, continua esperançoso de que seu novo estudo possa ser o começo de um avanço no tratamento da doença de Alzheimer.

“Atualmente, não existem medicamentos suficientemente satisfatórios para tratar a demência, e novas terapias com novos mecanismos de ação são desejadas.

“Nosso estudo apresenta a possibilidade interessante de que a ocitocina possa ser uma nova modalidade terapêutica para o tratamento da perda de memória associada a distúrbios cognitivos, como a doença de Alzheimer.

“Esperamos que nossas descobertas abram um novo caminho para a criação de novos medicamentos para o tratamento da demência causada pela doença de Alzheimer”.

Fontes sugeridas: The Conversation / Science Daily /






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