Problemas de ouvido como zumbidos e hipersensibilidade a sons se tornaram mais comuns com a pandemia e o isolamento social. O médico Ítalo de Medeiros, responsável pelo Ambulatório de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP, conversou com o Jornal da USP no Ar sobre esse problema.

Ele começa por explicar as diferenças: o zumbido é um barulho produzido pelo próprio ouvido, que causa incômodo. Já a hipersensibilidade é uma sensibilidade ao som externo e se divide em dois tipos mais comuns — a hiperacusia e a misofonia. A hiperacusia se caracteriza pela sensibilidade muito intensa ao captar sons de moderada ou mesmo leve intensidade. Já a misofonia tem relação com a qualidade do som e com uma resposta mais emocional ao som. “É muito comum a misofonia ao mascar chicletes, ao tic-tac do relógio, à respiração do amigo, à mastigação de alguém da família.”

O impacto da pandemia

O especialista explica a piora desses problemas com a pandemia. Tanto a covid-19 quanto alguns medicamentos

utilizados no tratamento podem agravar o zumbido. Outro fator a ser considerado é o maior silêncio na vida das pessoas, que causa uma percepção maior do zumbido. Medeiros também cita fatores como a diminuição da atividade física e o maior estresse por questões financeiras e de saúde.

A hipersensibilidade também é agravada pelo isolamento. “Você está mais em casa com sua família, você desenvolve reações emocionais em ações produzidas pela sua própria família”, conta o médico. Essa situação está relacionada ao aumento nos casos de misofonia.

Medeiros explica que pessoas com hipersensibilidade a sons não devem buscar o isolamento sonoro, que agrava o problema. Isso inclui o uso de fones de ouvido e tecnologias de cancelamento de ruído ou tampões de ouvido. “Ao contrário do que se acredita, em vez de isso proteger mais, vai deixar o cérebro mais ávido pelo som e vai aumentar essa sensibilidade.”

Cuidados médicos

Medeiros destaca que os três problemas — o zumbido, a misofonia e a hiperacusia — são diferentes e têm suas especificidades, e destaca a importância de buscar tratamento com um otorrinolaringologista, que pode realizar audiométricos, de sangue e da via auditiva, para propor o tratamento adequado para cada caso.

Via Jornal da USP






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