Todos nós tendemos a dar como certo que o mel é feito por abelhas que vão de flor em flor coletando néctar e, em seguida, transformando-o no líquido dourado que tanto amamos.

Mas lá vêm as abelhas abutres. Esses pequenos animais trocam néctar por carne para fazer o seu próprio mel, um tanto assustador, mas comestível.

Assim como seu homônimo, as abelhas abutres gostam de carcaças de animais (e também são chamadas de “abelhas carniceiras”). Nas florestas tropicais da Costa Rica, essas abelhas carnívoras (Trigona – o que significa que não têm ferrão) não são diferentes de suas contrapartes “normais”, pois sorvem o açucar das frutas ou bebem o néctar dos caules e folhas. No entanto, os micróbios em seus microbiomas intestinais preferem a carniça ao pólen como fonte de proteína, relata a Popular Science.

As abelhas que amam carniça tem microbiomas dramaticamente diferentes em comparação com as vegetarianas, de acordo com um novo estudo publicado na revista de microbiologia mBio. As abelhas vegetarianas sem ferrão, abelhas melíferas e zangões examinadas continham os mesmos cinco micróbios em seus intestinos. No entanto, os estômagos das abelhas abutres são crivados de bactérias que gostam de ácidos, permetindo-lhes digerir a carne sem adoecer devido às toxinas que se formam na carne apodrecida.

As tendências carnívoras dessas abelhas forma observadas pela primeira vez em 1982 pelo entomologista David Roubik enquanto as esudava no Smithsomian Tropical Research Institute, no Panamá. Até agora, apenas três espécies de abelhas abutre são conhecidas.

Roubik descobriu que as abelhas abutres não têm nenhuma outra fonte de proteína além da carne, e suas pernas também não tem tantos pelos para coletar pólen quento as abelhas vegetarianas. Quando os cientistas analisaram o mel armazenado nas colmeias das abelhas carniceiras, não encontraram nenhum grão de pólen. Em vez de transportar o pólen, as abelhas abutres digerem parcialmente a carne recolhida e levam-na para o ninho onde é depois regurgitada para outras abelhas.

“Essas são as únicas abelhas no mundo que evoluíram para usar fontes de alimento não produzidas por plantas, o que é uma mudança bastante notável nos hábitos alimentares”, disse o cooautor Doug Yanega, entomologista da Universidade da Califórnia-Riverside (UCR) disse à Ars Technica.

Enquanto a maioria das espécies de abelhas tem estruturas semelhantes a saco de sela em suas pernas para transportar pólen, as abelhas abutres usam cestas de pernas bem menores para transportar carne de volta para suas colméias. Para preencher esses pequenos bolsos com eficiência, elas têm um conjunto exclusivo de dentes para cortar a carne. Uma vez que os pedaços de carne são levados para a colmeia, eles são armazenados pelas as abelhas em pequenas vagens, e são deixados para curar por duas semanas antes de serem alientados com por suas larvas.

Os pesquisadores extraíram o DNA do abdômen das abelhas abutres para identificar quais bactérias prosperam nelas e como elas se comparam a outras espécies de abelhas. Eles descobriram que os intestinos das abelhas abutres tinham um coquetel especializado da bacétria produtorade ácido Lactobacillus, que pode criar um ambiente mais ácido em seus intestinos para combater patógenos que se desenvolvem na carniça. Esses micróbios produtores de ácido também são econtrados no estômago de outros animais que gostam de carne, como hienas e abutres.

“Nossa hi´[otese é que as abelhas estão usando essas bactérias produtoras de ácido para acidificar o intestino”, disse Jessica Maccaro, coautora do estudo e estudante de pós-graduação na UCR. “Elas pegam esses patógenos que as infectam através do intestino. Então elas têm todos esses lactobacilos lá dentro que vão acidificar o intestino – e que realmente conservam o patógeno”.

Ok, mas o mél da abelha abutre é comestível?

Tecnicamente, sim, é. O sistema digestivo humano tem enzimas necessárias para quebrar com sucesso os compostos complexos do mel da abelha abutre. Segundo relatos,o sabor deessa substância semelhante ao mel é descrito como intenso, defumado e salgado, ou exclusivamente doce. Dito isso, o mel é mais pegajoso do que aquele a que você provavelmente está acostumado – na verdade, é bastante viscoso e tende a ser extremamente difícil de coletar.

Mais uma coisa: as abelhas abutres não costumam produzir mel excedente. Isso significa que, se você conseguir extrair um pouco de mel delas, seus filhotes não terão nada para comer e morrerão.

Essa é uma razão muito importante pela qual devemos deixar as abutres sozinhas para consumir o mel de sua carne.

Popular Science






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